É a Fé a primeira a lançar-se no campo,
a fim de combater sem olhar ao perigo.
Vai com os braços nus, sob um rústico manto,
agitado o semblante e os cabelos compridos...
Seu repentino ardor de atingir a vitóriafá-la
mesmo esquecer de munir-se de escudo:
o pânico terror de uma guerra furiosa
não encontra lugar em seu peito robusto!
A vesga Adoração das velhas divindades
é quem primeiro sai para lutar com ela;
mas a Fé, de antemão predisposta ao combate,
num instante a derruba e a faz beijar a terra.
Não lhe deixa soltar o hálito empestado;
prolonga-se a agonia o máximo que pode;
e calca-lhe com fúria os olhos injectados,
que, por fim, no 'stertor, já nem cabem nas órbitas.
Oh! Que imenso clamor na legião dos mártires,
que a Fé, sua rainha, amarra prò combate!
E agora lá vai ela enchê-los de grinaldas,
depois de os revestir de púrpura escarlate...
Prudêncio (séc. IV-V)