sábado, 6 de junho de 2009


Praia


Brincávamos na areia. Os nossos passos

eram naqueles dias a cadência

a música do sol

Ó estilhaços do tempo ainda vivos

projectados num filme que regressa

ao ritmo das ondas

e fica ao nosso alcance, até ao fim

da tarde pouco a pouco devorada

pla sombra desses toldos

dunas esquivas e pinhais

tão perto do que foi a minha infância

entre o riso dos primos e o mar

amigo de Brandão de António Nobre

batido pla nortada

Brincávamos na areia. como eu queria

roubar de novo a luz a essas praias

jogar ao prego, adivinhar

nas vozes infantis algum presságio

do céu ou do inferno - uma certeza

para sempre fiel a esse mundo


Poema: Fernando Pinto do Amaral

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